Resenha do Cd Peixe Que Já Não Há /
Tribo Brasil
PEIXE QUE JÁ NÃO HÁ
TRIBO BRASIL
2014
INDEPENDENTE
Por Anderson Nascimento
Alguns discos de Samba são mais expansivos, mais para extravasar, enquanto outros possuem uma linhagem mais melancólica, mais para dançar juntinho e saborear as letras. A banda porto-alegrense “Tribo Brasil” proporciona diversas dessas sensações ao longo de seu primeiro disco de inéditas “Peixe Que Já Não Há”.
Já bastante atuante na noite de Porto Alegre a banda aposta em um repertório autoral para tornar a sua música conhecida também em outros cantos do país. Apesar de calcado no Samba, o disco também passeia por outros ritmos como Bossa Nova e Choro, o que acaba sendo o reflexo das influências dos participantes do grupo que vêm de várias escolas da MPB.
A curiosidade de ouvir um disco de Samba feito por um grupo do Sul é natural, mas quando se ouve “Copélia” (Gabriel Maciel) as fronteiras que embandeiram estados rapidamente somem ao sabor de uma levada que parece ter descido os morros cariocas para ganhar o Brasil em clima de partido-alto.
Mas a melancolia de canções como “Quando Eu Crescer” (Gabriel Maciel) parece aterrissar na Lapa triste contemporânea, de artistas como Moyseis Marques e Aline Calixto, representantes atuais desse tipo de Samba.
O disco também tem momentos de puro êxtase como na crítica social-ecológica “Dilúvio – Riacho Triste” (Gabriel Maciel), uma das melhores faixas do álbum, e de onde sai o verso que batiza o disco. Enquanto temáticas sérias se escondem na ótima “Dono do Samba” (Eduardo Aresso, Gabriel Vargas).
Ao fim do disco, que encerra com a folia Benjoriana “Samba de Viola”, uma inquietante sensação de querer ouvir o álbum novamente toma conta do ouvinte. Disco tranquilo e delicioso, feito para as horas em que se quer ouvir grandes canções acompanhadas de letras reflexivas e instrumentais de refinado bom gosto. Impossível não imaginar o som que esses caras devem fazer ao vivo.
Resenha Publicada em 24/09/2014
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