Por Anderson Nascimento
Afastando-se cada vez mais do Britpop que fez com que Keane ficasse conhecido em todo o mundo, “Perfect Symmetry”, é um disco extremamente oitentista. O cartão de visitas já fica por conta de “Spiralling”, uma das melhores do álbum, completamente voltada para a pista de dança, incluindo todos os efeitos necessários para balançar o esqueleto, chega a lembrar um pouco Duran Duran. A música talvez é que mais identifica o Keane desse novo disco, mas ainda conseguimos em muitos outros momentos do álbum, perceber qual é a fonte que o Keane bebeu, no caso de “Better Than This”, temos um U2 (muito copiado ultimamente) do início da carreira remontado. “Pretend That You´re Alone”, segue nessa linha com um grande balanço, também se destacando no álbum.
O disco investe quase que o tempo todo em músicas mais animadas, pondo para fora do álbum as baladas. E mesmo em momentos mais sentimentais como em “The Lovers are Losing”, não temos nada que se assemelha a canções como “Somewhere Only We Know” do primeiro disco. Todavia, quem acompanha os discos da banda de Tom Chaplin, não ficará tão surpreso com a sonoridade desse álbum, pois essa tendência já vinha se revelando desde “Under The Iron Sea”, menos piano e mais vibração. Mas por incrível que possa parecer, nos poucos momentos em que eles lembram o Keane do primeiro disco, por exemplo “Again and Again”, eles acabam acertando a mão e classificando a música entre as melhores do novo álbum.
Em alguns momentos do álbum, fica uma sensação de falta de inspiração. Em “You Don´t See Me”, fica claro que músicas assim podem custar caro ao álbum. “Playing Alone”, outra escancaradamente oitentista, mesmo com todos os efeitos e coros que tentam criar algo grandioso, também não consegue ser lá muito inspirada.
Toda essa ousadia apresentada no álbum, na verdade acaba sendo bom para a banda e para o seu público, uma vez que todas as bandas que iniciaram tendo como ponto de partida o Britpop já mergulharam em outras praias, veja o caso de Oasis, Coldplay, Travis e Jet.
O álbum é uma bela síntese dessa mudança, tendendo muito fortemente ao som feito há quase três décadas atrás, ou seja, o Keane não traz nenhuma novidade, porém acrescenta à sua carreira um álbum descontraído e gostoso de ouvir.