Resenha do Cd Jards Macalé Anos 70 / Jards Macalé

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JARDS MACALÉ ANOS 70
JARDS MACALÉ
2016

DISCOBERTAS
Por Valdir Junior

Desde que surgiu para o grande público em 1969 no 4º FIC (Festival Internacional da Canção) apresentando e chocando os presentes com a canção “Gotham City”, o nome e o trabalho de Jards Macalé ficaram vinculados à alcunha de maldito. Suas composições gravadas por Elisete Cardoso, Nara Leão e Gal Costa, assim como suas participações em discos de Caetano (Transa) e da própria Gal (Legal), mostravam ao mundo, um músico refinado, com um toque peculiar de violão e senso melódico/harmônico eclético, com referencias de blues, rock, jazz, xote, samba-canção e bolero, com uma direção pop na instrumentação e nos arranjos.

Sendo um artista de personalidade e de opinião fortes, as grandes gravadoras não souberam trabalhar com sua obra, fazendo que sua excelente e errática discografia seja muito difícil de encontrar em hoje em dia. Para amenizar essa situação, o selo Discobertas traz às lojas o Box “Jards Macalé – Anos 70”, caixa com quatro CDs com as reedições dos dois primeiros álbuns do artista carioca, “Jards Macalé” (1972) e “Aprender a Nadar” (1974) e mais dois CDs, “Raro & Inédito Vol. 1 e 2”, com faixas inéditas e raras, gravadas somente com voz e violão nos anos 70.

Os dois primeiros álbuns de Macalé, foram lançados pela Philips e, como já ditos, logo saíram de catálogo, fundamentais tanto na discografia do músico e reconhecidos como grandes clássicos da música brasileira, principalmente o primeiro e magnífico “Jards Macalé” (1972), álbum que conta com a participação do mito Lanny Gordin, no violão e baixo e do baterista Tutty Moreno na bateria, o disco concentra o trabalho mais forte e mais conhecido de Macalé, faixas como: “Vapor Barato”, “Revendo Amigos”, “Movimento dos Barcos”, “Let´s Play That” e “Hotel das Estrelas”.

Nessa nova reedição os álbuns vêm com faixas bônus com registros ao vivo, demos e ficha técnica completa, assim como reprodução das artes originais dos discos. Mas a grande cereja desse pacote é mesmo os CDs “Raro & Inédito Vol. 1 e 2”, compilados de fitas cassetes dos arquivos pessoais de Macalé pelo produtor Marcelo Fróes. Os discos trazem faixas que transparecem uma total simplicidade na apresentação, mas cheias de uma espontaneidade que parecem estar sendo tocadas, ali do seu lado, e de forma nenhuma parecem datadas.

Além da importância histórica das faixas, o próprio Macalé, que a principio foi contra tornar pública essa gravações, ficou impressionado, ao reouvir essas demos, com o seu toque do violão, harmonias e levadas rítmicas que ele imprimiu na época, e deixa em aberto a possibilidade de usar essas músicas em novas gravações. Vale destacar dessa nova leva as faixas: “Passar La Vida”, “Obstáculos”, “Raparigas”, “Noites Alegres, Sem Assunto”, “Agora, Fogo na Palha, “Quero Viver Sem Grilo”, “Simplesmente” e “Kohoutec”.

Completamente fundamental, a caixa “Jards Macalé – Anos 70” cumpre com maestria e excelente bom gosto, a função de resgatar o trabalho de um dos períodos mais criativo de Macalé, bem como para reafirmar e apresentar para novas gerações a excelência e musicalidade de um dos músicos mais instigante do música brasileira. E ficamos na expectativa que o selo Discobertas possa em um futuro próximo aparecer com mais um Box, nos mesmos moldes desse, para os demais discos da discografia de Jards Macalé.

Resenha Publicada em 29/09/2016





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