Dispa-se de pré-conceitos como “os Titãs já tiveram 9 integrantes, agora são apenas 3”, “nossa... mais um acústico!?”, “os Titãs já deveriam ter parado, estão fazendo hora extra”, tudo bobagem!

O disco “Trio Acústico” acabou sendo um presente aos fãs. Inicialmente tratava-se de um projeto em formato mínimo, com releituras de canções de todas as fases de sua carreira, tendo como mote a comemoração do lançamento do Acústico MTV (1997), que conquistou fãs e não fãs da banda.

Originalmente as gravações foram disponibilizadas no streaming como 3 EPs, batizados de EP1, 2 e 3, e quis o bom senso que os Titãs resolvessem prensar algumas poucas cópias em formato físico, para a alegria dos fãs.

“Por que eu sei que é amor”, ganha arranjo com estalar de dedos e grande interpretação de Sergio Britto, e faz dobradinha com “Isso”, um dos mais novos clássicos dos Titãs, antes bradada com a implacável voz de Paul Miklos, agora ganha a voz de Toni Belotto, que estreia como cantor na banda, e não faz feio. Belotto tem voz principal em 4 canções do disco, o que nos leva a questionar por que isso demorou tanto para acontecer.

Lógico que algumas canções ficaram um tanto desconfortáveis nesse formato acústico, principalmente canções de pegada mais pesada, mas ainda assim não deixam de serem versões curiosas.

Entre os destaques estão “Miséria”, com arranjo baseado no piano, “Go Back”, em versão interpretada totalmente em espanhol, vale também o registro de “E Você”, single do último álbum da banda, a ópera-rock pouco ouvida “12 Flores Amarelas”.

Sou a favor da resiliência dos três integrantes restantes, gosto do processo de criação ainda relevante com discos recentes como o elogiado “Nenheengatu”, que incrivelmente não emprestou nenhuma música ao projeto, ou o já citado “12 Flores Amarelas”. Também gosto da sobrevivência de um repertório clássico que de fato tem lugar no inconsciente coletivo.

Vida longa aos Titãs, seja com nove integrantes, oito ou mesmo como trio.