Resenha do Cd Pirão De Peixe Com Pimenta / Sá & Guarabyra

PIRÃO DE PEIXE COM PIMENTA title=

PIRÃO DE PEIXE COM PIMENTA
SÁ & GUARABYRA
1977


Por Anderson Nascimento

Não sou chegado a pirão de peixe, mas bem que eu queria ter sentado àquela mesa que ilustra a capa de "Pirão de Peixe Com Pimenta" 3º disco da dupla Sá & Guarabyra, e provado daquele tempero. A inspiração que Luis Carlos Sá e Gutemberg Guarabyra encontraram para realizar esse disco é algo inimaginável: são dez canções de tirar o fôlego e deixar qualquer um apaixonado por esse álbum.

A dupla já figurava no meio musical desde os anos 60, onde cada um, em suas respectivas carreiras solo, gravou, foi gravado e ganhou prêmios até se juntarem ao já saudoso Zé Rodrix para formar o trio "Sá, Rodrix e Guarabyra", uma espécie de "Crosby, Stills & Nash" brasileiro, que deu origem a um peculiar estilo musical conhecido como "Rock Rural". Juntos lançaram os álbuns clássicos "Passado, Presente e Futuro" e "Terra". O trio se separou e, pouco tempo depois, o trio viraria a dupla "Sá & Guarabyra" que se tornaria um grande sucesso nacional entre os anos setenta e oitenta.

Após os lançamentos dos discos "Nunca" e "Cadernos de Viagem", "Pirão de Peixe Com Pimenta", que também dá título a uma divertida canção de estilo interiorana e ao mesmo tempo com algo psicodélico, marca a estréia da banda pela gravadora Som Livre e, se os álbuns anteriores não ficaram no inconsciente popular, neste disco a dupla escreveu mais um importante capítulo em sua história.

Alguns dos maiores clássicos da carreira da dupla estão lá "Espanhola", "Sobradinho", "Água Corrente". Mas o mais legal ainda é que esses clássicos são a pitada de pimenta a mais no pirão, isto porque o disco ainda reserva espaço para outras músicas igualmente belas como "Marimbondo", "João sem terra", "Cinamomo" e a magnífica "Canção dos piratas".

Uma forma interessante de analisar o álbum é perceber que a dupla consegue ir além de tudo o que eles já haviam feito, conseguindo soar além de genial, popular como nunca. Em "Canção dos Piratas", por exemplo, eles saem completamente do chamado Rock Rural, que já vinha dando adeus há algum tempo, mais ainda marca presença no disco com "Marimbondo" e "João sem terra". Na mesma "Canção dos Piratas", temos um instrumental riquíssimo com direito a piano, trompas, orquestra com cellos e violinos, em uma canção com ares de "Art-Rock" que chega a lembrar os momentos mais pomposos da Electric Light Orchestra. Por outro lado, Sá & Guarabyra sabem também deixar a canção caminhar sozinha e mostram como o fazer na minimalista "Espanhola", composição de Guarabyra e Flávio Venturini, que não precisa de muita apresentação.

Além disso, a dupla ainda carrega um pouco de sotaque progressivo oriundo dos anos setenta em "Trem de Pirapora" que quase consegue desgovernar o trem do título da canção tal forte é a pegada da bateria e do pulsante baixo de Sérgio Magrão.

O sucesso do terceiro disco da dupla viria dois anos depois a impulsionar o lançamento do disco "Quatro". Depois disso a banda continuou lançando bons discos como o belíssimo "Harmonia", sempre mantendo a carreira na ativa. Durante a década de 2000 o trio se reuniu novamente gravando um CD e DVD ao vivo e um álbum de inéditas chamado "Amanhã", que infelizmente Zé Rodrix não viveu para lançá-lo.

Resenha Publicada em 28/01/2010





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