Resenha do Cd Scream / Ozzy Osbourne

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SCREAM
OZZY OSBOURNE
2010


Por Rafael Correa

Quando uma lenda do heavy rock lança um novo trabalho, os nervos dos headbangers se eriçam. Em uma época de tristeza e decepções, todos ficamos ansiosos por boas novas de nossos heróis. “Scream”, novo disco do Mr. Madman Ozzy Osbourne, não foge à regra: eis, uma vez mais a velha expectativa de sempre. E essa perspectiva aumenta ainda mais pelas circunstâncias em torno do álbum, que conta com um novo condutor das seis cordas: o grego Gus G. foi chamado a ocupar o posto do virtuoso ébrio Zakk Wilde.

No entanto, nem é possível sentir falta de Zakk: grande parte do material já estava composto (e, dizem alguns, que até gravado) quando Gus G. assumiu as guitarras. Por isso, ao ouvir “Scream”, parece que estamos a escutar o velho Zakk, sem muitas variações. Quanto às canções, a premissa não é a mesma. “Let it Die”, faixa de abertura, já mostra a presença de novos elementos, como alguns efeitos sonoros e beats que hoje estão na moda. A voz de Ozzy, se comparada ao trabalho precedente, “Black Rain”, de 2007, está mais “maquiada”: outros efeitos de vocal apresentam-se durante todo o disco para compensar os 40 anos de estrada de Osbourne.

Musicalmente, tanto “Let it Die” quanto sua sucessora, “Let Me Hear Your Scream”, são satisfatórias. Os refrãos repetem-se na nossa mente mesmo após o término das canções. Logicamente, nem se comparam com a obra dourada de Ozzy, produzida na década de 80; mas, ainda assim, agradam o ouvinte pelo seu peso e limpidez. No entanto, “Scream” é sustentado também por erros: “Soul Sucker” e “Latimer’s Mercy” apresentam-se eivados em efeitos desnecessários, avessos à figura e símbolo que Ozzy representa. Em “Latimer’s Mercy” até o peso da guitarra chega a ser forçado, levando-se em conta o contexto geral da produção da canção.

Todavia, “Scream” também é feito de acertos. “Life Won’t Wait” é, definitivamente, a faixa mais bem trabalhada do álbum: pesada quanto tem que ser, harmônica a seu tempo, permeada por uma letra interessantíssima, a canção faz jus ao nome de Ozzy. Rob “Blasko” Nicholson comandou suas quatro cordas com primor, assim como Gus G. (ou Zakk???) na guitarra. “Life Won’t Wait”, é, sem exageros, uma linda canção. Outro belo momento é a despedida do disco com “I Love You All”, peça de 1 minuto de duração que mistura cordas, encadeamento acústico e distorção. A letra, composta de 4 versos, encerra-se com os dizeres: “Por todos esses anos que estiveram comigo, Deus abençoe. Eu amo todos vocês”. Chega a emocionarmos nitidamente.

Enfim, “Scream” não é um disco histórico, e possui poucas chances de alcançar tal status. Reitera-se que em nada se assemelha com o Ozzy de “Blizzard of Ozz” ou “Diary of a Madman”. Mas, vá lá, os tempos são outros, e Ozzy tem coragem e talento suficientes para não depender de seu passado quando compõe um novo trabalho. Vida longa ao Mr. Madman e sua obra.

Resenha Publicada em 07/07/2010





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