Resenha do Cd Dançando No Campo Minado / Engenheiros Do Hawaii

DANÇANDO NO CAMPO MINADO title=

DANÇANDO NO CAMPO MINADO
ENGENHEIROS DO HAWAII
2003


Por Anderson Nascimento

O segundo disco da recente trilogia iniciada por Surfando Karmas e DNA (2002), consolida a nova formação dos Engenheiros, as arestas foram aparadas e agora, como há muito não se vê na banda, temos uma democratização de espaço bem mais intensa no disco. Das 11 músicas do disco, apenas cinco são assinadas somente por Humberto Gessinger, temos em vários momentos coros feitos não só por Gessinger, como de costume, e, pra finalizar, temos uma música (Segunda-Feira Blues II) cantada integralmente por Carlos Maltz, fato que não acontece desde o álbum "Simples de Coração (1995)", que por coincidência teve a faixa "O Castelo dos Destinos Cruzados" cantada também pelo ex-baterista da banda Carlos Maltz.

Eu sempre achei super interessante álbuns que contam histórias, e que possuem uma idéia central por onde o álbum passeia durante toda a obra. E este é o diferencial do último disco dos Engenheiros. O cd é um pouco menos pesado que o anterior, mas mantém a mesma pegada que o Surfando, as músicas são curtas, em torno de 3 minutos, e urgem por passar mensagens de inconformismos, insatisfação, questionamentos e descrença.

O disco abre com três porradas, "Camuflagem", que traz um bem bolado coro, é seguida por "Duas noites no deserto", que apresenta ao ouvinte um riff de guitarra marcante, e "Rota de Colisão", que abre espaço para a contestadora faixa-título "Dançando no campo minado".

Logo após, "Segunda feira blues I", não nos deixa pensar em outra coisa, a não ser a última guerra inventada pelos norte-americanos ("...onde estão as provas?, onde estão os fatos? As boas novas eram só boatos..."). Exatamente na metade do disco, a melhor faixa vêm, trazendo uma auto-crítica impiedosa ("Muito prazer, meu nome é otário!"), numa das melhores composições já assinada por Humberto Gessinger.

"Até o fim", primeiro single e já estourada nas rádios, lança a primeira mensagem de otimismo do disco, com instrumental irrepreensível a música é daqueles rocks que te faz viajar sobre a letra. "Na veia" traz um refrão que te faz cantar e prepara o terreno para guitarras muito bem tocadas e encaixadas no momento certo. "Fusão a frio"remete a uma sonoridade da fase progressiva dos EngHaw, a música poderia muito bem caber no "Várias Variáveis" ou no "GLM", e, para quem não percebeu, a música traz encapsulada logo no início da música a famosa transcrição que era usada em músicas dos primeiros discos, muito bem percebida na música "Várias Variáveis" do disco de mesmo nome.

"Segunda-feira Blues II" vêm reafirmar, desta vez na voz de Maltz, a insatisfação com a guerra, e agora de forma ainda mais explícita ("...onde estão os caras que usavam palavras precisas, para nos livrar da tirania do mal?.."). Mas nem tudo está perdido, "Outono em PoA" vem mostrar que apesar de tudo, a vida é bela e vale a pena, Humberto fala sobre um dia onde tudo dá certo, "...ninguém me telefonou enquanto eu dormia...", "...o horóscopo arriscou um belo dia...", e por fim "...descobri que sou feliz...", "...o mundo fica para outro dia!".

Este pode não ser o melhor disco dos Engenheiros, mas eu não me espantaria nem um pouco se alguém me afirmasse isso. Rock sem firulas, e recado dado em menos de 32 minutos. Obra prima.

Resenha Publicada em 10/12/2004





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