Resenha do Cd Surfando Karmas & Dna / Engenheiros Do Hawaii

SURFANDO KARMAS & DNA  title=

SURFANDO KARMAS & DNA
ENGENHEIROS DO HAWAII
2002

UNIVERSAL MUSIC
Por Anderson Nascimento

Talvez este seja o disco mais pesado, instrumentalmente falando, dos Engenheiros do Hawaii. As canções desse álbum possuem dosagem generosa de instrumentais ágeis, raivosos e azeitados.

A formação responsável por esse novo disco, primeiro de inéditas que alinhava Gláucio Ayala na bateria, Paulinho Galvão na guitarra e Bernardo Fonseca no contra-baixo, já havia tocado e gravado com Humberto Gessinger – de volta à guitarra – no disco Ao Vivo “10.001 Destinos” (2001), que trazia o show do “10.000 Destinos” e um CD com regravações de canções antigas com a nova trupe dos Engenheiros.

O disco inicia uma série (de dois, por enquanto) de nomes de álbuns no gerúndio, “Surfando...”, “Dançando...”, além de trazerem participações de Carlos Maltz, baterista original dos Engenheiros, contarem com capas desenhadas pelo mesmo artista, Luis Trimano, além de terem sido gravados no mesmo estúdio com a mesma formação da banda. O que nos pertmite a chamá-los de discos gêmeos.

“Surfando” é um disco bem diferente do último lançamento inédito da banda, o bem-sucedido “Tchau Radar” (1999), enquanto o “Tchau” equilibra momentos de grandiloqüência musical, como “Eu Que Não Amo Você”, com sutilezas como “3X4”, “Surfando” já aposta mais em uma sonoridade virtuose, proporcionando momentos calcados em Rocks intensos, alinhados com a sonoridade que estava em voga na época, para ter uma ideia, ouça “Ritos de Passagem”, “Arame Farpado” e a própria faixa título.

Falando na faixa que abre o CD, é interessante citar o poder dessa canção. Ao longo da turnê do “10.001”, a canção foi experimentada ao vivo, com pleno aceite dos fãs, ávidos por conhecerem a versão em estúdio, trabalhada com afinco e perpetuada com maestria nesse CD.

Os petardos roqueiros de “Surfando” são intercalados com algumas canções mais tranqüilas, como a folk-regional “e-Stória”, que narra um bate-papo com Maltz, e “Nunca Mais”, espécie de “120...150…200 km Por Hora” do Roberto Carlos, criação de Gessinger para música “Lullaby”, de Shawn Mullins.

O disco faz parte de uma fase em que a banda “namorou com o mainstream”, como afirma o próprio Gessinger em seu livro “Pra Ser Sincero”, e as rádios tocaram bastante o single “3ª do Plural”, faixa que abriu vários shows da turnê desse disco e de seu sucessor.

Apesar de bom álbum, “Surfando Karmas & DNA” não está entre os melhores discos da banda. Os fãs adoram esse disco, muito pela ferocidade do mesmo e por conter algumas faixas muito representativas na carreira da banda. A crítica, no entanto, e como de praxe, meteu o malho (injustamente) no disco. Olhando pra trás, vejo que “Surfando” é um disco de valor, e que hoje, funciona melhor do que em sua época de lançamento.

No ano seguinte, Humberto presenteou os fãs com uma espécie de continuação do álbum, com canções melhores, e artisticamente mais coeso, a obra “Dançando no Campo Minado”. Mas “Surfando” tem o seu valor, e representa uma época de mudança na carreira da banda, que, tempos depois, gozaria desse belo momento lançando dois discos acústicos, após essa “bilogia” de bom gosto, criatividade e talento.

Resenha Publicada em 24/03/2012





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