Resenha do Cd Anos 80 / Marcos Valle

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ANOS 80
MARCOS VALLE
2012

DISCOBERTAS
Por Anderson Nascimento

Fortemente relacionado com a Bossa Nova, o cantor, compositor e músico Marcos Valle possui um interessante flerte com a MPB de tons mais populares. Essa fase, chamada por especialistas de “a fase boogie”, é responsável pelos três álbuns do cantor lançado nos anos oitenta e está agora disponível nas lojas.

Encaixotados pelo selo carioca Discobertas, os álbuns “Vontade de Rever Você” (1981), “Marcos Valle” (1983) e “Tempo da Gente” (1986), ganharam faixas bônus (no caso dos dois primeiros álbuns) e, devido ao vínculo musical entre os álbuns, não poderiam nunca deixar de estarem juntos em um mesmo lançamento.

A doce melodia e o balanço característicos do início dos anos oitenta podem ser rapidamente percebidos já no primeiro álbum do Box “Vontade de Rever Você” (1981), assim como fica claro que a sua experiência com a música americana ainda estava intrinsecamente contida em sua musicalidade, fato explicitado na levada de “A Paraíba Não é Chicago”, canção que tem Peter Cetera (da banda Chicago) como um de seus autores.

A leveza das canções presentes no primeiro álbum da caixa acaba por apontar o caminho embebido pela MPB da época, o que resulta uma sonoridade acessível a todos os gostos. A canção “Velhos Surfistas Querendo Voar”, segue bem essa linha, retratando o panorama encontrado pelo cantor ao voltar ao Rio de Janeiro, o que posiciona a canção entre as melhores do álbum.

Já o álbum “Marcos Valle”, lançado dois anos depois, apesar de seguir a mesma linha, vai além e explora ainda mais a sensibilidade que pairava no ar do ensolarado Rio de Janeiro, valorizando temas relacionados à malhação, verão e naturalidades, entregues, inclusive, na capa do disco.

Esse é o álbum do hit “Estrelar”, canção rapidamente associada com a prática da ginástica, de deliciosa levada Soul, que fez muito sucesso na época, além de trazer uma versão pop do clássico “Samba de Verão”. É também o disco responsável por popularizar o nome de Marcos Valle entre pessoas de várias idades e classes sociais.

O disco traz ainda como bônus o compacto que traz a canção “Bicicleta”, que ganhou clipe no Fantástico e conquistou as crianças do país inteiro, falando sobre o prazer de andar de bicicleta, tudo isso através de um boogie eletrônico com programações de Lincoln Olivetti.

O terceiro álbum é o único do Box que não foi lançado na época pela gravadora Som Livre, e sim pela gravadora independente Arca Som. O disco traz regravações com modernos arranjos para as canções “Próton, Elétron e Nêutron” e “Viola Enluarada”, de 1968 e 1969, respectivamente, além de apresentar, no geral, uma temática esperançosa e otimista em relação ao cenário brasileiro da época
.
Apesar de não ter acontecido, o disco tem momentos excelentes, como a interessante parceria de Valle com Erasmo Carlos na canção “Sem Você Não Dá”, a popzona “Tá Tudo Bem” e a própria faixa título, linda canção que chega a ter a pleitear a aura de um hino patriótico.

A pouca divulgação do álbum, que fez com que o álbum não emplacasse, acelerou o fim desse momento único na carreira do artista, representando o fim dessa interessante e agradável fase da carreira de Marcos Valle.

Com arte que contextualiza corretamente o seu conteúdo – remonta a capa do compacto “Estrelar” - , o Box “Anos 80” resgata as capas e as contra-capas dos álbuns e compactos, reproduz as letras das músicas e apresenta ricos textos escritos por Alexei Michailowsky. Apesar de 2012 ainda estar engatinhando, é barbada afirmar que esse Box estará entre os principais relançamentos desse ano.

Resenha Publicada em 24/02/2012





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