Por Anderson Nascimento
Para aqueles que se preocupam com os mínimos detalhes ao curtir a experiência de ouvir um álbum – eu me incluo nesse meio – o novo trabalho da cantora, pianista e arranjadora Delia Fischer é um prato cheio.
O projeto gráfico é charmoso, todo em digipack, traz o CD desenhado como se fosse um disco em vinil, e o encarte, que desdobrado, se transforma em um pôster de dimensões que também lembra o saudoso LP, com um lado apresentando uma linda ilustração de Luciana Araujo Lumyx, e de outro, informações detalhadas sobre cada uma das treze gravações do disco.
Para aqueles que conhecem, ou querem conhecer a obra do cantor e compositor Egberto Gismonti, aqui estão treze oportunas canções, escolhidas por motivos particulares pela cantora, a fim de homenagear o artista com um álbum completo.
A beleza do piano de Delia caminha em paralelo com as composições de Egberto. Os motivos da seleção do repertório (e de sua ordem), só mesmo a cantora para explicar, mas há de se ressaltar a bonita a sequência da instrumental “Palhaço” e de “Auto Retrato”, canção minimalista, em piano e voz, que dita o tom desse trabalho.
Contando com Samba, Choro, Frevo, Regional, e até Pop-Rock, caso da instrumental “Dança das Cabeças”, o disco agrada fácil, pelos vários motivos aqui já citados, além do seu irrepreensível instrumental, sua irretocável qualidade sonora, a agradável voz da cantora, ou apenas o som de seu piano nos cinco momentos instrumentais do disco.
O próprio Egberto participa do disco em “Saudações”, tocando violão de 10 cordas, e quem também aparece no disco é o cantor Paulinho Moska, cantando na belíssima canção “Um Outro Olhar (Pêndulo)”, que teve a sua letra encomenda a Ronaldo Bastos especialmente para esse projeto.
Patrocinado pelo “Prêmio Sesc Rio”, o disco mostra um pouco do que é o trabalho de Delia Fischer, carioca e pianista requisitada por conta de seu talento, que pode ser percebido ao longo de todo o disco, em especial em “Auto Retrato” e “Passarinho”, canções onde ela toca sozinha todos os instrumentos.
Para aqueles que leram esse texto e ainda não ouviram o disco, fica a recomendação que o faça, pois trabalhos como esse devem ser ouvidos, comentados e sentidos.