Por Anderson Nascimento
“Mais Amor”, quinto álbum (segundo de estúdio) da carreira do Diogo Nogueira, apresenta o cantor adentrando ainda mais em Sambas de linhagem mais romântica, fato já atestado no próprio nome do disco, e confirmado no encarte do álbum, que defende a temática do amor em suas muitas formas, e não só na estética romântica da coisa.
Dessa maneira a forma mansa como o cantor interpreta as faixas acaba deixando o álbum repetitivo e, assim, cansativo. Isso ocorre inclusive nas (poucas) faixas mais suingadas. “Quem Vai Chorar Sou Eu” (Serginho Meriti, Rodrigo Leite) faz parte desse seleto grupo de canções e, ainda que de forma tímida, apresenta um momento mais “pra cima”, adornado com a bela e precisa participação de Zeca Pagodinho. Da mesma forma “Carinho Não Pode Faltar” (Flavinho Silva, Almir de Araújo, Carlinhos da Ceasa), também poderia ter ganhado um arranjo mais intenso.
No geral o disco consegue apresentar bons momentos como a faixa de abertura “Desejo Me Chama” (André Renato, Leandro Fab), que também é a música de trabalho do disco. Falando nisso, a dupla de compositores também aparece em mais outras duas faixas do disco, “Cada Dia Mais Amor” e “Partido Agarradinho”.
Em se tratando de composições, ao longo de todo o disco, há apenas uma música de composição de Diogo, a faixa “Muito Mais Além” (Diogo Nogueira, Inácio Rios, Raphael Richaid) que, apesar de continuar na linha romântica, consegue aliar boa letra com boa levada.
“Altos e Baixos” (André Renato, Bira Silva, Alessandro Didan), é um dos grandes destaques do disco, se sobressaindo ligeiramente em relação às outras, e juntamente com “Beijo na Boca” (Serginho Meriti, Rodrigo Leite), são as melhores músicas do disco, e acabam também comprovando algo importante nesse disco, ou seja, o fato de que Diogo continua evoluindo como cantor.
Se “Fazer Amor é” (Arlindo Cruz, Babi, Arlindo Neto) chega a ser apelativa e constrangedora, “Primeiro Samba” (Serginho Meriti, Fátima Lima, Mi Barros, Rodrigo Leite) é um interessante momento que cita os três Sambas clássicos “Comportamento Geral” (Gonzaguinha), “Seja Sambista Também” (Arlindo Cruz, Sombrinha) e “Poder da Criação” (Paulo César Pinheiro, João Nogueira), e junto com “No Sapato” (Jorge Aragão, Xande de Pilares, Leandro Fabi), que encerra o disco, acabam sendo dois outros destaques de um álbum onde o repertório não agrada.
No fim das contas, se você espera um disco de Samba, certamente ficará decepcionado, porém, se espera um disco romântico, ficará satisfeito. Mas a verdade é que quem está acostumado com as inflamadas apresentações ao vivo do artista, ao ouvir esse disco, terá a impressão de que se trata de dois artistas diferentes.