Resenha do Cd Partir O Mar Em Banda! / Ayam Ubráis Barco

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PARTIR O MAR EM BANDA!
AYAM UBRÁIS BARCO
2013

INDEPENDENTE
Por Anderson Nascimento

Nascido em Salvador e criada em Ipiaú, Ayam Ubráis Barco além de cantautor, como prefere se denominar, é filósofo, artista plástico, ator e escritor de poemas, ou seja, o artista é bem relacionado com as artes.

Falando em arte, costumo dizer que uma obra de arte pode ser reconhecida por vários aspectos, mas não por apenas um desses aspectos de maneira isolada. “Partir o Mar em Banda”, primeiro álbum do artista, é assim, espalha genialidade aos poucos, em cada pedaço dele, seja na belíssima arte do invólucro, seja nas composições, ou no arquétipo em que se sustenta o seu trabalho.

Por mais que a voz do cantor possa assustar por ser grave e rascante, esse trabalho representa o que há de mais original dentro das nuances do universo do cantor.

Essas nuances sopram brisas conceituais ao longo de todo o álbum, que abre com o peso progressivo de “O Silêncio”, e se sequencia com a hipnotizante “A Ponte”, com vozes apoiando “laialaiás” setentistas que roçam tropicalismo embandeirado por conterrâneos baianos há tempos atrás.

Em diversos momentos o disco passeia pelo som progressivo. Apoiado por uma banda azeitada formada por diversos músicos competentes - entre eles o Ismera Rock da banda Mendigo Blues, na guitarra -, em vários momentos o álbum transmite essa ideia progressiva, como por exemplo, em “O Rastilho”, faixa que encerra o disco.

É difícil destacar canções no álbum tal o valor e a unicidade das mesmas. Mas vale ressaltar alguns momentos-chaves, caso da destemida “O Risco”, que é uma daquelas canções que nos fazem cerrar os punhos e fazer cara de mau, embora encerre de maneira tenra e delicada.

As composições são destaques absolutos desse disco. Ao mesmo tempo em que “Bicicleta” traz uma mensagem positiva delicada nas entrelinhas de uma grande sacada do autor, temos refrãos fortes, porém também positivistas, como no épico “O Voo” (Edgard Navarro), de letra e coro inesquecível: “O teu coração não será bem-vindo em cemitério algum, então aprende a voar! Joga fora os remédios! O remédio é voar!”, enquanto vozes gritam incitativamente “Se joga, despenca!”.

Entre outros arroubos, temos a recitação do poema “A Banda do Mar” de Kaike Mateus, na canção “O Quintal”, além de interlúdios como gritos de guerra, cânticos de torcida, latidos de cães, barulhos de bicicleta, mar, ondas, pássaros, discursos, tudo isso bem posicionado e ligando as canções de forma hermética.

Ao final da audição têm-se a agradável sensação de ter feito muito bom uso de 45 preciosos minutos de nossas vidas. Vejo “Partir o Mar em Banda” como uma obra de arte, que deve ser observada sob vários ângulos e entendidas sob vários aspectos, mas todos eles certamente apontarão esse disco como um grande trabalho.

Resenha Publicada em 12/05/2014





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