Resenha do Cd O Pêssego E A árvore / Geminianos

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O PÊSSEGO E A ÁRVORE
GEMINIANOS
2014

INDEPENDENTE
Por Anderson Nascimento

Se há algo que eu não posso negar nessa vida é que sou assumidamente dependente de música. Se estou triste ouço música, se estou alegre também; se preciso relaxar ouço música, e faço o mesmo quando quero me divertir. Dessa forma, junto com essa dependência também vem a avidez pelo novo.

Desde que fundei o Galeria Musical passei a ter uma relação mais estreita com a música independente. Os discos chegam até o GM ou o próprio site chega até eles e, dessa forma, pude conhecer trabalhos incríveis, alguns dos quais, vieram a fazer parte da minha seleção especial de discos e artistas preferidos.

Quando então o novo álbum dos “Geminianos” chegou até o GM, houve um momento de reflexão: quanto música boa está sendo feita no canário independente e, infelizmente, acaba não chegando a mais ouvidos.

“Geminianos” é uma dupla composta pelo casal Alan James e Rosilene Duarte, que ao longo de dois anos gravou em casa todas as 27 canções de seu segundo disco, um álbum duplo de canções inéditas, essencialmente autorais, escritas todas no ano de 2007 (salvo as exceções “Par de 3” e “Chegar a Um Lugar (reprise)”).

Os arranjos são simples em sua maioria, embora haja momentos surpreendentes como na faixa “Sempre Assim”, que tem um desenrolar inesperado. Mas essa simplicidade, aliada com o instrumental cirúrgico e as boas composições, constrói um castelo de cartas impossível de se derrubar.

Obviamente o disco traz muito das influências do duo, e não é tão difícil perceber algumas delas ao longo do disco. A maravilhosa “Vem Pra Mim”, é uma das canções mais bacanas que ouvi nos últimos tempos e traz tantas influências que talvez me leve ao erro na hora de apontar algumas delas: eu diria que há Oasis (na fase final do grupo) e Disco Music dos anos 70, mais explicitamente. Já “Canção Que Eu Fiz Pra Você”, outra grande canção do disco, lembra Paul McCartney em sua fase “Wings”.

Como falei, sobre o instrumental, ele é enxuto, mas cheio de pontuais momentos que não passam despercebidos. O violão tocado por Alan em “Entrelinhas”, por exemplo, tem uma beleza reservada. O solo oitentista da guitarra de Luiz Lopes em “Belo Eterno Livro”, carrega sutilezas que tornam esse disco especial. E o que dizer da bateria tocada por Alan James na faixa título “O Pêssego e a Árvore”?

Entre as 27 canções, bem divididas tanto nas composições como nos vocais, há momentos de beleza sublime, entre eles, vale destacar “Sou Seu Anjo (Nunca Mais a Dor)”, que poderia muito bem ter sido trilha sonora de filme nacional dos anos 70; “Enfim...”, faixa emocionante que apresenta beleza a lá Carpenters; a melancólica “Um Dia de Março”; e a popzona “Te Dar (O que Mereces Ter)”.

É claro que o desafio de lançar um álbum duplo de inéditas sempre caminhar juntinho com o comentário clichê de que o disco deveria ter sido enxugado. Mas é elogiável e compreensível a coragem dos músicos em condensar em uma obra todo o trabalho realizado nos últimos dois anos, botando pra fora tudo o que eles têm a dizer.

Como falei no início desse texto, enquanto houver criatividade, dedicação e bom gosto, como há de sobra no caso dos Geminianos, haverá música boa para se ouvir, ainda que tenhamos que ir atrás dela e, prazerosamente, concluir que o esforço valeu a pena.

Resenha Publicada em 28/01/2015





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