Resenha do Cd Mamonas Assassinas / Mamonas Assassinas

MAMONAS ASSASSINAS title=

MAMONAS ASSASSINAS
MAMONAS ASSASSINAS
1995

EMI MUSIC
Por Rodrigo Paulo

Quem viveu nos anos 1990, mais precisamente no ano de 1995, certamente se lembra da passagem meteórica dos Mamonas Assassinas no cenário musical. O grupo formado por Dinho, Samuel, Bento, Sergio e Júlio lançou uma das maiores pérolas da música brasileira. Depois de tentar emplacar sem sucesso como grupo "Utopia", os integrantes criaram uma nova identidade fazendo a banda se chamar Mamonas Assassinas, mudou o repertório com músicas debochadas que provocaria muita polêmica se lançadas hoje em dia e despertou o interesse de um dirigente da EMI. E o único álbum do grupo foi gravado em menos de dois meses, produzido por Rick Bonadio (Creuzebeck) e mixado por Jerry Napier, tudo tão meteórico quanto bem-feito.

Para comemorar os 20 anos do lançamento desse clássico do Rock nacional, nada mais justo que fazer um faixa-a-faixa do álbum que vendeu mais de 3 milhões de cópias em apenas 7 meses de divulgação, tempo em que a banda durou até o trágico acidente aéreo em março de 1996. Pois quem conheceu o grupo conhece todas as 14 faixas desse registro histórico.

“1406”, o rock que faz a abertura do disco é uma paródia ao número de telefone (11) 1406 sempre visto nos infomerciais do saudoso Teleshop (lembra da faca Ginsu 2000, do aparelho auditivo Sonic 2000, etc, etc, etc...?). A letra faz uma crítica bem humorada ao consumismo, não mudou nada 20 anos depois e a frase “Money, que é good nóis naum have” continua muito atual.

Piadas prontas sobre portugueses não poderiam faltar no disco e a eleita para zoeira foi “Vira-Vira”, a história do sr. Manuel da padaria que convidado “pra uma tal de suruba”. Não podendo ir sua adorável esposa Maria foi no seu lugar e se deu muito mal. Essa é uma das músicas que não deixa ninguém parado. Quem nunca dançou o vira português passando a mão no traseiro alheio nas festinhas em meados da década de 1990. Esse era o início da baixaria, ótima música de trabalho do grupo que foi executada a exaustão nos programas de TV. Anos 90, tudo permitido...

“Pelados Em Santos” é sem dúvida o hino dos Mamonas e também, uma das composições mais leves do álbum, não apenas pelo ritmo mexicano, mas pela letra “inocente”. O convite amoroso para curtir um viagem para Santos feito para a mina dos cabelos da hora e corpão violão trouxe o maior símbolo do grupo, a Brasília amarela, tanto renegada pela “pitchula” (Oxente ai, ai, ai!).

“Chopis Centis”, mais um rock, é um resumo de um dia no shopping center, com direito a lanche em fast food, crediário em loja de eletrodomésticos e móveis e um cineminha com filmes de ação.

“Jumento Celestino”, uma mistura de rock com repente e um pouco de “Faroeste Caboclo” do Legião Urbana, narra a história desastrada de um retirante que vai tentar a vida no “Sul”.

“Sabão Crá-Crá” é a mais desaforada cantiga escolar que pode existir. Entre saber se os cabelos são do sapo ou de outro elemento dá pra imaginar muito trocadilho. Os professores ficavam loucos e muita criança já ficou de castigo por cantar isso...

“Uma Arlinda Mulher” faz uma clara paródia à história do filme “Uma Linda Mulher” de 1990. A composição cheia de frases desconexas com fecha muito bem a primeira metade do disco.

Frases desconexas continuam a aparecer no Rock “Cabeça de Bagre II” (não me pergunte sobre “Cabeça de Bagre I”), dessa vez com incidentais de “Passo Do Elefantinho” e “Tema do Pica-pau” fazem uma paródia de “Cabeça Dinossauro” dos Titãs.

“Mundo Animal” é uma espécie narração de um documentário totalmente desaforado, onde os “bastidores” do reino animal é detalhado.

“Robocop Gay” é outra composição atual, talvez uma das mais atuais da banda. Em tempos de intolerância sexual, a letra bem humorada sobre o rapaz que antes era católico e hoje é gay traz uma mensagem importantíssima para os dias atuais “Abra a sua mente gay também é gente”, além das antigas piadas sobre gaúchos. A faixa ainda tem um excelente solo de guitarra.

"Boys Don’t Cry” é a típica música de corno, uma mistura de ritmo brega de Reginaldo Rossi, Amado Batista com o Rock dos Mamonas. A história de Dejair que é confundido com João do Caminhão pela sua própria mulher é uma das melhores do disco. Ouviu alguém imitando o Belchior!?

“Débil Mental” é a composição mais nonsense do disco. Feita literalmente para sacudir a cabeça, Dinho extrapola nos vocais ao melhor estilo Sepultura cantando coisas totalmente desconexas.

“Sábado De Sol” é a típica música de lual, acústica, a composição fala de larica e tem uma rima que arranca risos de quem ouve. E o trunfo dos anos 90 não poderia ficar de fora desse álbum que já misturou tantos ritmos até sua 13ª faixa, o pagode.

E “Lá Vem O Alemão”, versão da já bem humorada “Lá Vem O Negão” do grupo Cravo e Canela, toda essa gama é homenageada com imitações das vozes do Luiz Carlos (Raça Negra) e Netinho de Paula (Negritude Jr.), incluindo participações de músicos famosos da época, como os integrantes do Art Popular e Negritude Jr. Excelente para encerrar o disco brasileiro mais épico dos últimos 20 anos.

Todas as músicas desse álbum foram bem executadas nas rádios e programas de TV. O sucesso da banda se eternizou, mais pela carreira meteórica que a banda teve em apenas 7 meses de vida. E 20 anos depois o álbum “Mamonas Assassinas” continua tão bom, engraçado e desaforado quanto no seu dia de lançamento. Seja pelos seios da Mari Alexandre usando um símbolo da Volkswagen de cabeça para baixo na capa, pela Brasília amarela ou pelas inúmeras tardes com a presença da banda em algum programa de TV. Um álbum eterno para a música brasileira.

Resenha Publicada em 23/06/2015





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