Resenha do Cd Vi / Detonautas

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VI
DETONAUTAS
2017

INSONE DISCOS
Por Anderson Nascimento

O longo tempo que separou os álbuns de estúdio “O Retorno de Saturno” (2008) e “A Saga Continua” (2014), parece ter feito muito bem ao grupo Detonautas, já que a inovação em seu som, conceito e estética tem chamado a atenção, até daqueles que antes não se interessavam tanto pelo som do grupo. Eu me incluo entre nessa lista.

Se no disco anterior, mesmo trazendo momentos irresistíveis, havia ainda arestas para ajustar, dessa vez a banda foi absurdamente perfeita. Foram corajosos – um disco de uma banda de Rock, baseado em texturas melancólicas; foram conceitualmente relevantes – o disco tem liga e funciona muito bem na sequência, com o entrelaçamento dos temas; foram perfeccionistas - o disco traz os melhores arranjos de toda a carreira do grupo; e por fim, foram muito mais reflexivos que reativos.

Percebe-se algo diferente já no início desse trabalho, que ao invés da velha fórmula de colocar “um pancadão para abrir o disco”, o álbum atravessa o ouvinte com a melancolia de “Nossos Segredos”, faixa de arranjo esplendidamente bem construído e primeiro single do disco, liberado ainda no mês de agosto. Impossível não se mostrar surpreso com uma abertura tão heroica como essa.

Quando tu esperas um Rock bradante na sequência, eis que o disco enfileira tensões e canções “mais pra dentro” como o também single “Por Onde Você Anda” e “Você Vai Lembrar de Mim”, bolero minimalista de levada muito bonita.

Sem perceber, já estamos quase na metade do disco. Entra então o cantor Leoni dividindo os vocais com Tico Santa Cruz na encorajadora “Dias Assim”, canção de belíssima que traz refrão daqueles que você aprende a cantar desde a primeira ouvida. Já “Brother”, é a prova definitiva de como a banda se redesenhou nesse álbum, tanto na mensagem, agora mais sutil, quanto no instrumental, que evoca Coldplay e U2.

A segunda metade do álbum inicia com a releitura muito bem postada de “Na Sombra de Uma Árvore”, sucesso psicodélico do cantor Hyldon, que aqui ganhou um arranjo rico, incluindo uma slide-guitar a lá George Harrison.

Na sequência “Canção do Amigo” quebra o clima gélido, com uma espécie de Rap, com direito a palmas e cativante refrão, enquanto “Aqui na Terra” revê os primórdios da banda – a canção é da primeira demo do grupo, de 1997 – e é outro destaque, trazendo letra que aborda a triste realidade desse mundo louco que vivemos, disfarçada com condução carismática de um tenro coro infantil. Uau!

Já no fim, o disco traz a dançante “Nada Vai Me Derrubar”, e emenda “Acre”, a canção mais acelerada do disco. Nada pra reclamar, sinceramente, impossível descrever em palavras o quanto o grupo foi feliz ao gravar esse disco!

Em um ano que musicalmente ainda não se justificava, “VI” é o trunfo na manga do cenário musical nacional do Pop/Rock, além de coroar, da melhor maneira possível, os 20 anos de estrada e de trabalho honesto que o grupo completou neste ano.

Resenha Publicada em 13/11/2017





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