O Vaccines sofreu o mesmo “efeito Arctic Monkeys” em 2011, quando versões demo das músicas do álbum de estréia “What Did You Expect From The Vaccines” (2011), caíram na rede e levaram o quarteto ao hype extremo, e colocaram-nos entre os principais personagens nos burburinhos da Inglaterra e do resto do Mundo. A fórmula é simples, guitarras com distorções sujas e a maioria das músicas com curta duração faziam dançar! E aí, está o grande problema de “Come Of Age” (2012), o segundo álbum ao cair na (famosa e relativa) “maldição do segundo disco”, faz pior, não faz dançar!
O alvoroço causado por “What Did You Expect...” não foi em vão, afinal, o Vaccines é realmente uma banda com algo diferente do que vinha sido mostrado desde o apogeu do Indie com a explosão de Strokes, Arctic Monkeys, Killers, Kaiser Chiefs e derivados. Eles surgiram juntamente, ou praticamente no mesmo período, de grupos com a mesma fórmula, vide Foster The People e Howler. Entretanto, a banda inglesa decidiu seguir um caminho diferente do que havia sido feito, provavelmente pela necessidade de mostrar que eles estavam prontos para exibir muito mais do que apenas simples melodias e refrões marcantes. O problema foi o caminho adotado para mostrar ao Mundo quem eram os Vaccines e, em "Come Of Age", a maior dificuldade está no convencimento
Ouvindo o álbum mais de 10 dez vezes na última sexta, tive a impressão que eles querem gritar a cada faixa – “Ei, nós ainda somos os Vaccines, e estamos muito melhor que antes!”. É bem verdade que em alguns momentos, o grupo consegue soar exatamente igual, e até mais consistente que o debut. Na divertida (e ordinária) “Teenage Icon”, Justin Young simplesmente não quer ser um ídolo adolescente, muito menos um herói, e, talvez por muito menos, a música já seria facilmente a melhor do disco; “No Hope”, “Bad Mood” e “Change Of Heart Pt.2” configuram os momentos furiosos do álbum, alternando entre bons efeitos, rápidas reviravoltas, vocais inspirados e refrões grudentos (ops, já ouvi isso antes?). Os maiores destaque estão em “All In Veins”, e na linda “Aftershave Ocean”, uma balada para se ouvir ao pôr-do-sol, com direitos a vocais graves inéditos nas canções do grupo.
Ainda assim, "Come Of Age" é preguiçoso em momentos cruciais, esbarrando no marasmo de “Weirdo”, na confusão “I Wish I Was A Girl” e de “Ghost Town”, que poderia ser facilmente um b-side dos Arctic Monkeys, fica evidente que o resultado ainda é pouco para um grupo que não quer ser apenas lembrado pelo súbito hype virtual.
“The Vaccines Come Of Age” cumpre a missão de um bom lançamento, mas talvez como as crianças estampadas na linda arte, os Vaccines ainda não sejam assim tão maduros. Ou pelo menos, não fazem mais dançar. Uma pena.