Resenha do Cd Matéria Prima / Sombrinha

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MATÉRIA PRIMA
SOMBRINHA
2013

INDEPENDENTE
Por Anderson Nascimento

Há dez anos Montgomery Ferreira Nunis, mais conhecido como Sombrinha, lançava o seu último álbum de estúdio. É incrível como dez anos podem passar tão rápido. Devidamente perdoado pelos fãs, e logicamente pelo Samba, Sombrinha finalmente está de volta com um novo álbum, “Matéria-Prima”, seu quarto álbum solo.

Nesse trabalho Sombrinha foi além do simples conceito “CD”, lançando um álbum gostoso de ouvir e também de manusear. As surpresas físicas não param de saltar aos olhos, desde a capa, moderna, que ilustra uma nuvem de palavras, artifício muito comum atualmente nos websites, destacando palavras-chaves presentes na temática de seu álbum, casos de “Reza”, “Viver”, “Fé”, “Amor”, entre outras, até a disposição do (belo) encarte e da bem sacada folha solta onde se encontra a letra da faixa “Deixa Solto”.

Em relação ao álbum, são dezesseis faixas – número ousado para os dias de hoje -, trazendo temáticas como amor, vida e até desamor. Musicalmente impressionante, o disco faz dilatar as pupilas já na terceira faixa, a ótima “Quando Eu Jogo a Rede” (Sombrinha, Marquinho PQD, Rubens Gordinho), que traz a participação especial de Zeca Pagodinho no vocal e Hamilton de Holanda no bandolim, em canção que incorpora toda a aura dos pagodes feitos em meados dos anos oitenta.

Da mesma forma, a dobradinha “Festa do Zé” (Sombrinha, Carlinhos Vergueiro) e “De Donga... à Doca”, juntamente com “Me Joga no Aiê-iêo”, põem o disco no terreiro, fazendo todo mundo sambar. Os momentos românticos também estão bem representados em faixas como “A Semente Não Conhece a Flor” (Sombrinha, Nilton Barros, Rubens Gordinho) e “Foi Embora” (Sombrinha, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz).

O disco também tem momentos mais requintados, caso da faixa título “Matéria Prima” (Sombrinha, Nilton Barros), faixa de beleza incomensurável, onde Sombrinha dá um show de interpretação. Fazendo parte desse mesmo time, o disco ainda brinda o ouvinte com a deliciosa “A Felicidade Está Chamando” (Sombrinha, Carlinhos Vergueiro), outro momento de pura elegância.

As participações especiais também ajudam a enriquecer a obra. Arlindo Cruz, parceiro de Sombrinha desde os tempos de Grupo Fundo de Quintal, além de produzir o disco dá uma palhinha de sua voz em “Guerreiro e Protetor” (Sombrinha, Arlindo Cruz) e “Deixa Solto” (Sombrinha, Chico Buarque, Arlindo Cruz). Outro parceiro de longa data que também aparece no disco é Sombra, na redonda “Perdeu O Valor” (Sombrinha, Sombra).

Não tem como não deixar de destacar também para a participação de Chico Buarque de Holanda, que também aparece no disco em dois momentos, “A Flor Que Eu Não Esqueço” (Sombrinha, Nilton Barros, Marquinho PQD) e “Deixa Solto”, partido alto que é uma verdadeira festa, trazendo como convidados os já citados Arlindo, Chico, Hamilton de Holanda e a Velha Guarda da Mangueira, transformando a faixa em uma autêntica roda de Samba.

A celebração ao Samba encerra, porém, de forma diferente, com a lírica “Pra Ser Feliz Um Dia” (Sombrinha, Carlinhos Vergueiro), improvável faixa baseada em teclados e violão, com letras que farão chorar muitos marmanjos que por ventura estejam passando por problemas no relacionamento. A canção, aqui em outra bela interpretação de Sombrinha, é sem dúvida uma das melhores do disco.

Valeu a pena toda essa espera, o povo do Samba agradece e certamente está sorrindo de orelha a orelha com esse trabalho que, certamente, é o melhor disco de Samba lançado em 2013.

Resenha Publicada em 15/11/2013





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