Resenha do Cd E Toda Dor Que Sofri Será Canção / Simone Lial

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E TODA DOR QUE SOFRI SERÁ CANÇÃO
SIMONE LIAL
2015

ALUJÁ
Por Anderson Nascimento

Nascida em Ramos (RJ), a cantora Simone Lial vem de uma família envolvida no meio musical há três gerações. Ainda bem jovem já se apresentava no “Arcos da Velha”, casa de Samba de uma Lapa ainda não revitalizada. Simone participou do processo de ressurgimento do bairro como reduto boêmio do Rio de Janeiro com o seu antigo grupo “Goiabada Cascão”, no fim dos anos 1990. Em 2013 Simone chegou finalmente ao seu primeiro disco solo “O Amor Daqui de Casa” e, agora em 2015, chega ao seu segundo disco, o requintado “E Toda Dor Que Sofri Será Canção”.

O disco se envolve com as diversas faces do Samba, mas no geral se destaca pela sutileza e melancolia que as composições e as interpretações sugerem. Soma-se o sabor especial do acordeom e instrumentos como o repique de mão e o pandeiro de nylon, além do violão de sete cordas e baixo acústico, que dão um aspecto suburbano ao álbum.

Tudo isso se torna vívido já na faixa de abertura “Morrer Feliz”, faixa de interpretação realística e emocionante. Em boa parte do disco ouvimos a delicadeza do Samba feito há quarenta anos, com canções como “Na Ilha, Sobre Nós”, e interpretações que chegam a lembrar das emocionantes investidas da cantora Ellis Regina no Samba, casos de “Despedida”, “Dor Demais” e “Um Amor Tão Delicado”.

Mas os anos de Lapa também estão bem representados no álbum. “Insana” e “Da Cor do Mar”, são as grandes representantes do contemporâneo samba feito no tradicional bairro do Rio de Janeiro.

Entre diversos outros momentos de igual sabor, temos como outros destaques a buarqueana “Pra Toda Tristeza Acabar”, Samba de natureza cotidiana, e “Paixão de Um Aprendiz” uma deliciosa ode ao amor inocente.

Entre Sambas finos como “La No Meu Sonho” e momentos mais pra cima como “Exaltação à Mulher”, o disco chega ao fim com “E Toda Dor Que Sofri Será Canção”, faixa que dá nome ao disco, e remete ao Samba de quintal praticado pela turma do Cacique de Ramos nos anos 1980.

As letras são todas dos irmãos Maurício e Léo Maturo, exceto “Paixão de Um Aprendiz”, que também é coescrita por Simone Lial, e “Um Amor Tão Delicado”, que adiciona à dupla de compositores o produtor do disco Fernando Brandão, todas caem como uma luva para o Samba interpretado pela cantora.

“E Toda Dor Que Sofri Será Canção” é um disco rico em interpretação, composições e melodia. Não é todo dia que ouvimos um disco essencialmente de inéditas se sair tão bem como este. Então é só “dar o play” e se deliciar ao som de Simone Lial.

Resenha Publicada em 20/07/2015





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