Resenha do Cd Chama O Sindico / João Senise

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CHAMA O SINDICO
JOÃO SENISE
2018

FINA FLOR
Por Anderson Nascimento

Em tempos em que os artistas, sobretudo os mais populares, têm dado preferência ao lançamento de singles nas plataformas de streaming, ao invés de álbuns, fico feliz quando um cantor da nova geração paute a sua carreira a partir de lançamentos de álbuns conceituais e temáticos. Esse é o caso de João Senise, que acaba de soltar o seu sexto disco, em que interpreta a obra do saudoso Tim Maia.

Além de tudo, resta ainda falar que João tem um grande senso de auto desafio, pois o cantor possui notadamente uma formação mais voltada ao Jazz e aos Standarts, como comprovam os seus trabalhos anteriores, mas eis que agora se aventura no repertório do Síndico que transita entre Soul, Samba-Rock e canções populares românticas.

Missão dada é missão cumprida, e João cumpre com talento e sabedoria o desafio de imprimir a sua marca em canções sagradas de um repertório tão popular como o de Tim.

As releituras ganham novas facetas, às vezes jazzística, às vezes populares, mas João não deixa nunca que o suingue, que domina o inconsciente coletivo na obra de Tim, se perca em suas releituras. Isso fica claro já na dançante faixa de abertura “Não Quero Dinheiro” (Tim Maia), adornada pelo timaço composto, por Mauro Senise, Gilson Peranzzetta, Mingo Araújo, Adriano Giffoni e Ricardo Costa, excetuando Mauro Senise, trata-se do núcleo duro presente em boa parte das canções do disco.

Aliás, vale a pena destacar que João está sempre cercado de grandes nomes da música instrumental brasileira, bem como figuras de expressão como Ivan Lins, que canta em “Primavera” (Cassiano, Silvio Rachel), Área Martins que faz um dueto belíssimo com o cantor em “Um Dia de Domingo” (Michael Sullivan, Paulo Massadas), o maestro Rildo Hora com a sua infalível gaita em “Azul da Cor do Mar”, e Leny Andrade em “Saigon” (Carlão, Claudio Cartier, Paulo Cesar Feital).

João vai muito bem nas interpretações, e se sai melhor ainda quando canta de maneira mais despojada, como o faz na já citada faixa de abertura e em “Paixão Antiga” (Marcos Valle, Paulo Sergio Valle). Também se destacam em sua voz canções como “Réu Confesso” (Tim Maia), “Gostava Tanto de Você” (Edson Trindade) e “Você” (Tim Maia).

Em outros momentos, vemos “A Festa do Santos Reis” (Marcio Leonardo) ganhando arranjo regional via acordeom tocado por Gilson Peranzetta, e o célebre grupo Cama de Gato encerrando o disco com “Lindo Lago do Amor” (Gonzaguinha), canção gravada por Tim em um de seus últimos discos, lançado em 1997, um ano antes de sua morte.

Além de tudo, não poderia deixar de citar o projeto gráfico, assinado por Vivian Faingold, com as lindas ilustrações feitas por Mello Menezes, trazendo todas as letras, créditos e ficha técnica de todas as canções. Com produção de Gilson Peranzzetta, João acerta novamente em mais um projeto audacioso e, ao mesmo tempo, eficaz.

Resenha Publicada em 07/01/2019





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