Resenha do Cd Cores E Nomes / Caetano Veloso

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CORES E NOMES
CAETANO VELOSO
1982

UNIVERSAL MUSIC
Por Pedro Martins

Cores, Nomes é o segundo de quatro discos autorais lançados, anualmente, por Caetano Veloso entre 1981 e 1984. Seu ciclo de canções apresenta bons números, apesar de alguns momentos apagados e pouco inspirados. A sonoridade do álbum é semelhante à de seu antecessor, Outras Palavras.

"Trem das Cores" promove uma agradável viagem por tons e formas da natureza, que se manifestam com o lirismo que Veloso domina muito bem. "Meu Bem, Meu Mal", que também figura entre as melhores faixas do disco, possui rica poesia, que se funde à bela melodia, compondo uma obra completa e de profundidade ímpar. Apesar da longa duração e do material musical limitado, "Ele me Deu um Beijo na Boca" atrai pela forma prosaica e pelo discurso reflexivo e recheado de imagens surrealistas. "Um canto de Afoxé para o Bloco do Ilê" é um raro momento de construção minimalista no disco, chegando a lembrar o clássico Jóia.

"Queixa" é uma típica canção sobre rejeição amorosa, ainda que temperada com bom humor e vulgaridade nem sempre em doses sensatas. Em "Sete Mil Vezes", o disco abdica, momentaneamente, da sonoridade eletrônica. Não se observa, aqui, entretanto, a mesma inspiração de outras canções intimistas de Veloso: a poesia é digna de nota, mas a música passa despercebida. "Surpresa", parceria com João Donato, traz boa música, mas pouca poesia, uma vez que as palavras são subjugadas ao piano de Donato, tornando-se quase intrusas na canção.

Acompanhado pela Outra Banda da Terra, Caetano Veloso se destaca, mais uma vez, como exímio intérprete, o que pode ser constatado nas belas leituras de “Coqueiro de Itapuã” (Dorival Caymmi) e “Sonhos” (Peninha). O disco ainda traz uma boa versão do clássico de Djavan, “Sina”. Os arranjos de “Cores, Nomes” flertam com a estética oitentista, mas ainda há espaço para percussão, piano e o costumeiro violão de Veloso.

Em resumo, “Cores, Nomes” segue a regra geral dos trabalhos de Caetano Veloso nos anos oitenta: discos medianos, que combinam boas canções (“Trem das Cores”, “Meu Bem, Meu Mal”) com outras menos expressivas (“Cavaleiro de Jorge”, “Surpresa”).

Resenha Publicada em 04/07/2012





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