Resenha do Livro Teletema Volume I, 1964 A 1989 / VÁRIOS

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TELETEMA VOLUME I, 1964 A 1989
2014

Dash Editora
Autores: Guilherme Bryan e VicentVillari
Artista: VÁRIOS
Por Rodrigo Paulo

Quem nunca teve a sua trilha sonora que atire a primeira pedra! É impossível um ser humano não ter em sua memória uma música que o faça viajar por épocas remotas de sua vida. Seguindo essa lógica podemos, por exemplo, cair no choro pensando numa possível colisão de um asteroide gigante com a terra e uma difícil decisão de deixar seu sogro morrer para salvar bilhões de vidas ouvindo “I Don’t WantToMiss A Thing” do Aerosmith (Um verdadeiro Armagedom, não acham!?). Desde os primórdios da sétima arte, a música já era usada para movimentar as histórias e deixar uma marca registrada. Do suspense ao final feliz.

Com o advento de um certo aparelho chamado televisão, e a sua chegada ao Brasil em 1950, onde a música já era algo presente nos festivais, programas de auditórios e etc. Fazer uma ligação popular entre a novela diária, gênero também extremamente popular de muito sucesso oriundo das rádios e revistas, com a música ouvida pelas pessoas que acompanhavam as histórias levou os diretores das novelas a convocar nomes consagrados das produções musicais das décadas de 1960, 1970 e 1980 a definirem padrões para as trilhas sonoras.

Em “Teletema Volume 1” os autores Guilherme Bryan, jornalista e professor especializado em música com passagem pela Rolling Stone, Folha de S. Paulo, Yahoo! Brasil, entre outros veículos de comunicação e VicentVillari, autor de livros e novelas e grande parceiro da autora Maria Adelaide Amaral conseguiram em 14 anos fazer uma pesquisa detalhada, reunindo nesse primeiro volume entrevistas com atores, diretores, cantores e produtores sobre todos os temas de novelas e séries, minisséries e seriados exibidos integralmente pelas emissoras de TV do país entre 1964 e 1989. Um trabalho de louco diante das 500 páginas com resenhas de cada música e trilha e entrevistas com nomes como Guto Graça Mello,Salathiel Coelho, Roberto Menescal, Michael Sullivan, Linconl Olivetti, Zizi Possi, Elba Ramalho, Fabio Jr., Daniel Filho e muitos outros comentando curiosidades e o processo de produção de cada trilha sonora lançada.

É interessante ver a quantidade de músicas do período entre 1970 e 1989 que ainda tocam nas rádios e que fizeram parte de trilhas de novelas desse período. É engraçado ver o preconceito diante dos atuais cantores populares como Chrystian, da dupla Chrystian e Ralph, Fábio Jr. que usavam nomes internacionais para poder cantar em inglês, vulgo “brazilianssingers”. Alguns deles fazendo muito sucesso fora do país, como o caso de Morris Albert com o clássico “Feelings” que em 40 anos de existência já foi gravada por grandes nomes da música internacional e ainda possui uma versão cheia de ódio feita pelo The Offspring. Também é interessante ver a evolução das trilhas por época, onde no início havia uma limitação das gravadoras com liberação de artistas, as trilhas instrumentais, inúmeros fados gravados por portugueses ou que falassem português. Trilhas de 4 novelas diferentes em um único disco. O surgimento da gravadora Som Livre como forma de centralizar os lucros que as outras gravadoras tinham com as ainda inexpressivas vendagens de discos e o surgimento das trilhas nacional e internacional lançadas para novelas da Rede Globo a partir dos anos 70 e o esquema de lançamento inverso pela antiga Rede Tupi na mesma época. E que o U2 até hoje só possui uma música em trilhas sonoras brasileiras, assim como muitos artistas só tiveram “uma carreira musical” enquanto sua música estava fazendo trilha para algum personagem de destaque.

Com o passar do tempo os acertos foram grandes e os resultados maiores ainda com os recordes de venda na trilha nacional de “Estúpido Cupido”, a quebra de padrões com os dois volumes nacionais de “Roque Santeiro”, e a inserção da cultura pop da época em trilhas internacionais como “Dancin’ Days”, “Selva de Pedra 1986”, “A Gata Comeu”, “O Outro” e o grande vendedor de discos, fitas e compact discs da época mencionada no livro, a trilha internacional de “O Salvador da Pátria” que mesmo não tendo nenhuma música adequada a uma trama rural com seus principais personagens acima dos 40 anos passou 8 anos como a grande campeã de vendas com quase 1.500.000 cópias vendidas.

Esse primeiro volume mostra que havia um cuidado maior com a qualidade musical que seria executada nas histórias televisionadas, coisa pouco vista nos dias atuais. Foi uma época onde muitas trilhas eram encomendadas a grandes nomes da música, existia um ritual dos autores em criar a música certa para o personagem certo. Praticamente todas essas músicas encomendadas entre a década de 1960 e meados da década de 1970 não são mais executadas nas rádios.

É certo que um tema musical, seja ele qual for, quando bem casado com a história cria uma linha de conexão na mente de quem assistiu. Ótima leitura pra quem gosta de músicas de diferentes épocas e melhor ainda pra quem esteve presente nas épocas em que essas músicas eram execuções constantes no rádio de pilha e era exibida em longos clipes diariamente em uma TV a válvula.

Resenha Publicada em 09/02/2015






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